segunda-feira, 8 de julho de 2013

Wimbledon 2013: final

Acordei neste sábado estranhando em não ter uma Serena, uma Maria ou uma Victoria disputando um dos quatro troféus mais importantes do circuito. Vi duas oponentes fora do top 10 (uma até já tinha estado nele), que não tinham ganho mais do que duas partidas seguidas na temporada. Lisicki quebrou essa escrita duas vezes, chegando a final de dois International, tomando um breadstick em cada e abandonando um deles por lesão.

Felizmente, a campanha no último ano define apenas a posição que a jogadora aparecerá no chaveamento e que nível de adversária enfrentará na estreia e nas fases seguintes. Sorteados os confrontos, está na mão das atletas. Pegar um caminho bom ou ruim é circunstancial. Que nem quando Sharapova ganhou Roland Garros e muitos criticaram a falta de desafios. Como diria aquele clichê de narração esportiva, “ela não tem nada a ver com isso”.

Lisicki teve dois jogos complicados (contra Serena e Aga) e um chato (contra Stosur). Bartoli não perdeu um set ou encontrou alguma das dez cabeças de chave. Mesmo assim, jogou mal uma vez, pelo menos, contra Stephens. A final era imprevisível.





Marion Bartoli d. Sabine Lisicki: 6/1 e 6/4

Não houve disputa na maior parte do tempo. A abertura, com uma quebra para cada lado, previa um jogo irregular, mas parelho. Mas a francesa se recompôs, e só ela. Confirmou duas vezes de zero e fez 6/1 com apenas quatro bolas vencedoras.

Sabine teve um primeiro serviço sofrível, que entrava pouco e pontuava menos ainda. Só foi conseguir a primeira confirmação no início do segundo set. Mas tornou a errar; tornou alguns games longos para não dar em nada. Lá pelo 3/1, com uma quebra atrás, a vaca parecia ter ido para o brejo. A alemã, que sempre sorri com os erros, reverteu para um início de choro. Em que situação ela estaria no final? E na cerimônia de premiação? A situação causava compaixão de uns e raiva de outros.

Restava esperar o inevitável. Aconteceu outra quebra e chegou o 5/1. De repente, o jogo da loirinha começou a encaixar. Salvou três match points e ganhou dois games seguidos. Era a luz no fim do túnel, mas ela estava muito longe. Marion precisava sair do automático, que estava bastando, e ser um pouquinho mais ativa. Funcionou: sacando pelo campeonato pela segunda vez, serviu maravilhosamente por três vezes seguidas e comemorou.

Imagens

Não havia mais cenas tão interessantes a se fotografar neste jogo. A comemoração foi razoável: Marion tinha feito coisa melhor na semifinal. Sabine, se tivesse vencido, não poderia ter sorrido mais do que já o fez anteriormente. O choro, conhecido tanto em sua carreira, por êxitos e fracassos, também não era novidade. Sobrou a parte mais convencional, que não foi tanto porque representou a união de dois elementos que nunca se pensaria em ver: Marion Bartoli e um troféu (bandeja, neste caso) de Grand Slam. PS: mesmo assim, inseri várias de fotos. Tem profissional que consegue ângulos ótimos, mesmo num evento não tão cheio de emoção.

Nervosismo e conveniência

A francesa se movimenta como louca antes de receber ou executar um saque. Sempre foi ridicularizada por isso. Agora, percebe-se que isso serve como tática para disfarçar o nervosismo, sendo superior psicologicamente à adversária. Se alemã fosse campeã, o sorriso seria o símbolo de escudo emocional. É conveniente para o momento, mas não se deve mudar a opinião só por causa disso. Marion poderá desestabilizar quem estiver disposta com seu espírito serelepe, mas o comportamento continuará a ser, no mínimo, estranho. Já Lisicki deveria ter cuidado dessa parte há muito tempo. Não é a primeira vez que ela perde uma decisão, jogando mal ou não, na grama de Wimbledon. Fê-lo no Grand Slam de duplas femininas, em 2011, e na decisão do bronze olímpico de mistas, no ano seguinte.

Futuro próximo

Será estranho observar parte do público mais interessado nos jogos ou pedindo que essas duas estejam na programação de quadras principais dos próximos torneios grandes. Especialmente Bartoli, a campeã. Quem acompanhou minimamente o jogo, não deve nutrir tanta expectativa para os próximos. Espero queimar a língua.

O direcionamento de holofotes para quem estava na sombra me faz pensar sobre a influência delas para a qualidade do jogo em seus países. As experientes batem cabeça em simples na Alemanha, enquanto que na vizinha, muitas passaram da validade. No primeiro grupo, Mona Barthel ganhou título em fevereiro, mas sumiu posteriormente. Se estivéssemos em 2012, eu ainda nutriria expectativas. No segundo, Alize Cornet conseguiu se recuperar e ganhar alguns títulos (menores, mas válidos). Mas não a vejo ir além disso.

Entre as novinhas, Dinah Pfizenmaier está tentando subir de nível de disputa, enquanto que Annika Beck está razoavelmente inserida em torneios da WTA, mas precisa de bons resultados. Ainda estão verdes. Na França, Caroline Garcia se insere numa situação intermediária das duas citadas anteriormente: ela já joga WTAs, mas falta permanecer mais em chaves principais. Tem conseguido furar muitos qualificatórios. Talvez seja uma questão de tempo para progredir. Quem possui mais chances de aproveitar da situação da premiada compatriota é Kristina Mladenovic, com bom desempenho, faltando “apenas” os resultados. Não à toa, esteve no setor reservado para convidados de jogadores torcendo por Bartoli. Vibrou e se imaginou ali, um dia, levantando a bandeja de prata.

No dia seguinte, Mladenovic realizou parte deste sonho, vencendo a final de mistas na quadra central. Em parceria com o canadense Daniel Nestor, salvou dois match points no terceiro set, para virar e levar a partida. Um dia antes, Su-wei Hsieh tornou-se a primeira taiwanesa a ganhar um Grand Slam: ao lado da chinesa Shuai Peng, passou facilmente por Casey Dellacqua e Ashleigh Barty, vice-campeãs do Australian Open.

Rankings

Em duplas, Hlavackova e Hradecka caíram um pouco mais. Dellacqua e Barty, com o bom desempenho na temporada, surgem no top 20. As campeãs, Hsieh e Peng, figuram na rabeira do top 10. Kops-Jones e Spears, as norte-americanas emergentes que apareceram do nada em 2012, faturando vários títulos e se classificando ao Championships, fazem temporada medíocre e descem seis posições, estando ambas na 17ª colocação.

Entre as simplistas, Bartoli voltou a furar o top 10, sendo a sétima (mesma posição na corrida para Istambul). Lisicki subiu apenas seis postos, sendo a 18ª. Quem saiu da chamada “elite” (top 8) foi Angelique Kerber, que agora é a nona. Kirilenko não está mais entre as dez, pois perdeu dois lugares. Stephens, com tanto oba-oba, só subiu uma casa. Ivanovic desceu cinco, enquanto que Cibulkova saiu das vinte.

Restante do top 100

Subidas expressivas: Kanepi +22, Robson +11, Ula Radwanska +6, Keys +7, Puig +16, Bouchard +10, Pironkova +15, Tsurenko +8, Petkovic +14, Erakovic +7, Date-Krumm +19, Knapp +32, Puchkova +12, Cadantu +7, Garcia +19, Dolonc +13, Duque-Mariño +23, Zahlavova-Strycova +22, Larcher de Brito +33, Pennetta +66.

Descidas expressivas: Hampton -6, Peng -8, Lepchenko -7, Oprandi -6, Goerges -7, Wickmayer -8, Schiavone -15, Shvedova -11, Bertens -7, Watson -12, Cepelova -14, Larsson -14, McHale -9, Govortsova -12, Arruabarrena -8, Medina Garriges -13.

Estagnação “expressiva”: Venus Williams (a mulher não jogou, defendia somente cinco pontos e permaneceu no mesmo 35º lugar, haha).

A seguir

O saibro italiano de Palermo contará com as duas melhores jogadoras da casa tentando recuperação (especialmente Errani). Em Budapeste, Safarova e Cornet encabeçam a lista de favoritas; Halep vem a seguir.

Depois de dois Grand Slam, quase que seguidos, quero descanso.

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