segunda-feira, 27 de maio de 2013

Roland Garros 2013: dia 1

O Grand Slam no piso de saibro, na capital francesa, começou com frio e, consequentemente, muitas jogadoras agasalhadas. A previsão sinaliza chuva para os próximos dias (elemento que arruinou a programação do WTA de Bruxelas). Aliado à falta de luz no fim da tarde, dias tenísticos curtos e/ou apertados vêm aí. A organização do torneio distribuiu os jogos da primeira fase em três dias, o que pode amenizar os contratempos.

Antes da programação do dia, uma expectativa: a brasileira Teliana Pereira, que perdeu na última fase do qualifying, está a uma desistência na chave principal para aparecer como lucky loser. Ano passado, duas jogadoras conseguiram esse tipo de entrada: Laura Robson e Sesil Karatantcheva.

Os jogos

Sabine Lisicki d. Sofia Arvidsson: 6/3 e 6/4.

Um jogo tranquilo para a alemã, que sempre esteve na frente. Se ela teve quase o dobro de erros não forçados (30-14), compensou na boa diferença em winners (37-7). Foi também mais a rede e teve aproveitamento de primeiro serviço superior, chegando a quase 200 km/h no mais rápido.

Monica Puig d. Nadia Petrova: 3/6, 7/5 e 6/4.

A porto-riquenha vice campeã juvenil de simples no saibro parisiense, há dois anos, já mostrava uma temporada promissora furando qualis e entrando no top 100. Seu cartão de visita na WTA foi o jogo em Brisbane, contra Kerber, quando foi perder só no tiebreak do terceiro set. Neste domingo, enfrentou uma confiante Petrova, que apesar de viver um 2013 decepcionante, vacilando em entrar no top 10, teve um primeiro serviço que a ajudou em momentos variados, encaixando muitos aces (foram doze). Mas Puig não desistia, aproveitando alguns vacilos da russa. Foram muitas trocas de bolas, gerando belos pontos, sendo a maioria da tenista latino-americana. Quando parecia que o jogo iria continuar indefinidamente (em Roland Garros, não há tiebreak no terceiro set), Puig reverteu uma quebra no meio do set, e quando Petrova sacava para continuar no jogo, repetiu a façanha, conquistando uma grande vitória.

Cabeças de chave eliminadas: [11] Nadia Petrova e [30] Venus Williams.

Outros resultados: Petra Cetkovska, recém-voltada de uma longa lesão, derrotou facilmente a russa Olga Puchkova, que mais chamou atenção por seu outfit bizarro. Ana Ivanovic teve um set a mais de sofrimento para vencer Petra Martic. Anastasia Pavlyuchenkova, que alterna entre alguns títulos e eliminações em primeira fase, suou em três sets para superar uma também vacilante Andrea Hlavackova. Arantxa Rus continua sem vencer em 2013 na WTA; como defendia quantidade razoável de pontos, irá despencar muito no ranking. Sara Errani a fez de vítima. A promessa croata Donna Vekic não foi páreo para Burdette, enquanto que a cazaque-problema Yulia Putintseva não reconheceu Morita. Serena passou a estreia sem vexame ou susto, enquanto sua algoz de um ano atrás, Virginie Razzano, foi à segunda fase após se superar num duelo francês. Mandy Minella decepcionou novamente, enquanto a certeza das eliminações de Galina Voskoboeva e Sorana Cirstea se transformou em viradas.

Venus Williams travou uma batalha de três sets, com dois tiebreaks. O cansaço venceu. Urszula Radwanska, que voltou a ser loira e não é boa jogadora, se aproveitou. Vi apenas o primeiro set, com a polonesa vacilando para fechar em diversos momentos. Pelas estatísticas e comentários, foi um jogo sofrível. Dizem que ela perderá facilmente na segunda fase, seja qual for a adversária (se esta não tiver o perfil da Venus, claro).

Transmissão

Eurosport

Nem lembrava mais como era assistir a um jogo no Eurosport International – pra quem não sabe, a divisão da emissora perdeu os direitos de torneios WTA, mas mantém o de Roland Garros, da ITF. Diferença para o British Eurosport? Não possui intervalos comerciais de seguros, crédito pessoal e sites de apostas (como querem tirar dinheiro desse povo, não?). Em compensação, voltam as propagandas de turismo, que valem pela criatividade.

Bandsports

Algumas surpresas positivas, mas não para tanto. A emissora fechada fez um hotsite bem informativo sobre Roland Garros. Além do canal principal, abriu dois outros para os jogos: um em alta definição, somente para assinantes da Sky, e outro via site, gratuitamente. O lado bom deste, que pude avaliar: transmissão dentro da lei e com a equipe do canal, falando em bom português. O ruim: a equipe do canal. Contrataram mais gente, mas a redundância na narração continua. Precisam definir qual é o público-alvo: o fã de tênis, que conhece minimamente o esporte, ou o espectador leigo e casual, que precisa ser pego na mão para acompanhar o que está passando na tela.

Entre os comentaristas, Carla Tiene e Flavio Saretta foram dois dos contratados. Gostei da capitã do Brasil na Fed Cup, com comentários sobre técnica e, especialmente, o psicológico das jogadoras. Com o ex-ATP, a situação foi inversa. Irritou pelo jeito muito descolado, preferindo brincar a informar. Chamou Sabine Lisicki de “funkeira” pelo “pancadão” que dá ao golpear a bola. Ficou admirando a própria piada durante toda a transmissão. Nesse jogo – Lisicki x Arvidsson –, em especial, ele e o narrador fizeram o que todo fã de tênis odeia: falar durante os pontos. Entre uma gracinha e outra, lembraram que uma das duas realizou uma quebra de serviço. A disputa ficou em segundo plano. Para piorar, uma desinformação: acreditaram na existência do tempo técnico em Grand Slam. Não, isso só acontece em torneios da WTA. Saretta admitiu que só recentemente notou essa ocorrência entre as mulheres.

Se fosse com alguém que acompanhasse o circuito... É muito difícil que isso ocorra?

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