domingo, 2 de setembro de 2012

US Open 2012: 1R e 2R


Com o gostinho de Olimpíadas ainda na boca, o último Grand Slam do ano chegou rapidamente. Os torneios entre eles – alguns bem importantes – não contaram com Sharapova e Azarenka, que até tentaram jogar, mas abdicaram pelo cansaço. As três semanas serviram para reerguer dois nomes – Kvitova e Li, que conquistaram, somadas, três títulos.

Nova York teve algumas desistências importantes: Kaia Kanepi, que vinha fazendo um bom ano, com dois títulos e o top 20 na conta, também ausente em Wimbledon. Flavia Pennetta, lesionada no pulso, passará por cirurgia e só volta em 2013. As russas Vera Zvonareva e Svetlana Kuznetsova, descendo no ranking (especialmente a segunda), são outras que rodaram.

Observando o chaveamento, percebe-se uma divisão bem desigual. A maioria das favoritas está na metade de cima, com Azarenka (atual número 1), Li (campeã de Cincinnati), Clijsters (tricampeã do US Open), Stosur (última campeã), Sharapova (medalha de prata em Londres e com Career Slam recém-conquistado) e Kvitova (vencedora do US Open Series). Na de baixo, o perigo maior está por conta apenas de Serena Williams, Kerber e Agnieszka Radwanska. Para a primeira, a melhor jogadora da WTA atualmente, a distância das melhores ranqueadas até uma possível semifinal é boa, mas também um perigo, pois ela foi eliminada em Melbourne e Paris por zebras.

Há a impressão da presença de muitas jogadoras desconhecidas, mas isso acontece em todo slame se dá graças aos convites e à incompetência de outras moças do qualifying. Teve espaço até para o tênis universitário e a estreia de uma adolescente na Arthur Ashe.

Primeira fase

Dez cabeças de chave foram derrubadas logo de cara. Um número relativamente alto. Julia Goerges não tem o piso duro como especialidade, mas, desta vez, cometeu “o” papelão contra a tcheca Kristyna Pliskova. que não está nem no top 100; perdeu em um tiebreak e conquistou apenas um game no segundo set. Lisicki, que não defendeu o título em Dallas e tinha um histórico desfavorável contra Cirstea, pereceu em três sets. Andrea Petkovic, voltando de lesão, não passou por Romina Oprandi. Barthel continua em má fase, não resistindo a Jovanovski. Seguindo esta linha, as eliminações de Medina Garrigues, Gajdosova, Niculescu, Schiavone, Zakopalova e Peng não foram tão surpreendentes. Para Caroline Wozniacki, a nova decepção em estreia foi digna de pena, pois uma lesão a incomodava. Precisou abandonar na semifinal de New Haven (Matt Cronin, no Twitter, implorava para que ela desistisse mais cedo). A derrota para Irina-Camelia Begu custou-lhe a saída do top 10 e a provável não ida ao WTA Championships, em Istambul. Para uma jogadora que começou o primeiro Slam do ano na liderança, esta é uma queda considerável.

Entre as vencedoras, Bartoli teve um jogo irregular contra Hampton e quase foi ao terceiro set. Kvitova teve trabalho contra a saibrista Hercog, precisando superar a primeira parcial somente no tiebreak; o cansaço por ter jogado uma final, dois dias antes, justifica e preocupa. Sara Errani suou para superar Muguruza Blanco em três sets; num jogo cheio de erros, o espectador sofreu com a péssima qualidade técnica (foi um dos piores confrontos que vi este ano). Em duelos de medianas, a inconstante Palvyuchenkova passou por uma ainda irrecuperável Hantuchova. A “gramista” Pironkova bateu Giorgi, que se deu bem justamente no último torneio de Wimbledon. McHale (McFail, para os íntimos) decepcionou a torcida da casa (ela mora ali perto, em Nova Jersey) ao vacilar contra a holandesa Bertens, que tem um título de WTA e uma vaga para a próxima fase.

Segunda fase

Na Li conquistou uma quebra contra Dellacqua e se acomodou, administrando o resultado. Funcionou no primeiro set, mas no segundo, a australiana abriu vários games de vantagem. Por uma característica que eu chamo de sorte (em ter uma adversária tão vacilante do outro lado), a chinesa conseguiu virar o placar e salvar o público do terceiro set.

Laura Robson, prata em Londres nas duplas mistas e que “joga tênis ocasionalmente”, segundo seu perfil de Twitter, realizou uma façanha que ninguém esperava: aposentou Kim Clijsters nas simples. Todos sabiam que este seria o último torneio da belga, que ainda se inscreveu nos outros dois de duplas (na feminina ela perdeu na estreia). O jogo foi duro, em dois sets com tiebreaks. A quadra não estava tão cheia. Mas a hora de Kim chegou. Melancólico, mas que pode servir de incentivo para a britânica, geralmente uma coadjuvante na WTA.

Os quatro jogos da seção 4 tinham francesas em competição. Bartoli sofreu para superar Romina Oprandi: sinal amarelo. A convidada Mladenovic surpreendeu eliminando Pavlyuchenkova, numa diferença bem grande, com 6/1 e 6/2. Outra zebra foi Wickmayer perecer perante Parmentier. A única do país a fracassar foi Cornet, para a normalmente favorita Kvitova. A tcheca não teve placares elásticos, a exemplo de suas principais concorrentes, mas está vencendo, que é o que importa.

Depois de derrotar adversárias mais fortes, Cirstea e Bertens pararam em jogadoras menos expressivas. No primeiro caso, tudo bem: era Sorana sendo Sorana. Para Bertens, foi uma decepção perder de uma russa top 150, Olga Puchkova. Esta será a próxima adversária de Sara Errani, que conseguiu disfarçar seus defeitos ao derrotar Dushevina, por 6/0 e 6/1. Caminho fácil pra italiana até as oitavas, em teoria. Aga Radwanska, por sua vez, tomou o susto de um set de Suárez Navarro, mas depois passeou.

No jogo mais esperado da rodada, Kerber tinha a missão de repetir a campanha do ano passado e confirmar a boa fase. Mais urgente era derrotar a multicampeã Venus Williams na Arthur Ashe cheia, com torcida contra, gritando durante os pontos. A norte-americana estava muito vulnerável no 1º set, parecendo que seria atropelada. O set virou, assim como a sorte delas. Kerber aumentou os erros (com direito a duas duplas faltas no game de serviço, que poderia levá-la ao tiebreak) e Venus, apostando muito no jogo de rede, triunfou. A alemã bateu várias palmas com a raquete, que pareceram irônicas (inclusive, antes de uma, tomou um bonito winner ao tentar um balão). Ela ainda precisou de tempo médico para enfaixar melhor o pé, enquanto a irmã de Serena usou o descanso normal que tinha para trocar o grip da raquete (duas vezes, sendo a segunda antes do último game). No fim, deu Angelique, que estava com uma quebra contra no terceiro set, mas virou na última hora.

Outras considerações

A derrota quase generalizada das alemãs chamou atenção, mas a da maioria foi esperada. Nesse bolo, Tatjana Malek chegou à segunda fase, o que poucos perceberam.

Em situação mais preocupante está o tênis russo. Em simples, tirando Sharapova, Kirilenko e Petrova, não dá pra confiar em ninguém. Nomes menores, que adentraram ou não o top 100, estão muito distantes do nível do segundo escalão do país. Basta ver os resultados.

Sobre a transmissão, é impossível ver três jogos ao mesmo tempo com concentração. Para dois, existem as opções costumeiras, mas encontrar links funcionando sem travamentos é um obstáculo. Eis que surge a transmissão no site do US Open. No qualifying, percebeu-se sua qualidade. Contudo, os jogos da chave principal só estavam disponíveis para os Estados Unidos. Solução: baixar o UltraSurf e acessar anonimamente. Só não dá pra ver dois jogos ao mesmo tempo (a pequena janela do site para outro jogo é muito pequena) e, talvez, a conexão fique limitada para outras funções.

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