quinta-feira, 13 de setembro de 2012

US Open 2012: final

As expectativas eram baixas. Serena Williams teve seis jogos fáceis, sem sustos. Victoria Azarenka travou duas batalhas nas duas últimas fases. O H2H não era favorável. Havia a mínima esperança de rolar o segundo Maracanazo seguido na Arthur Ashe, com a bielorrussa encarnando Samantha Stosur. Surgiu uma brecha para tal acontecimento, mas não se confirmou. Foi por pouco.

O primeiro set teve muito a cara da Serena de ultimamente, com confirmação e quebra de serviço, logo de cara. Já estava pensando no que fazer quando o jogo acabasse, em uma hora, aproximadamente. Contudo, qualquer ponto da Vika dava para considerar como pequena vitória. Ela confirmou duas vezes, evitou um possível pneu e ficou tudo “aceitável”, apesar de Serena conquistar bem mais winners (16 a 2 para a norte-americana).

No segundo set, a coisa mudou de figura. Serena começou a falhar em pontos importantes e Azarenka quebrou pela primeira vez. De novo, o torcedor consciente já se empolgava com tamanha conquista. Mas aí veio outra quebra (sem ser quebrada de volta) e um novo 6/2, só que pro lado da número 1 do mundo, se desenhou. O sonho de ganhar o US Open tinha tomado forma. Vika cresceu, enquanto o jogo da Serena não funcionava. Ruim para o tênis, ótimo para a loira.

O set final veio e Serena ainda não tinha voltado à segurança habitual. Até o momento decisivo, Vika tinha conseguido duas quebras, sendo uma revertida pela norte-americana. Desperdiçou mais chances de aumentar a vantagem até o game em que sacava para o título. No game anterior, em que Serena poderia ser quebrada pela última vez, a americana foi com tudo e mostrou que estava definitivamente de volta. Pode-se levantar a possibilidade de “tremida” de Azarenka, a um game da vitória (foram três erros não forçados neste momento), mas isso é subjetivo. Eis a quebra e o empate: 5/5. No novo game de serviço, Serena foi Serena. No último game, de oito minutos, foi ponto a ponto, até Azarenka errar nos decisivos. Game, set, match e quarto título de US Open para a dona da casa.

Foi uma derrota dolorosa. Mais do que seria se fosse um atropelo. O título estava tão perto, mas pela adversária, tão longe também, mesmo faltando um game. Serena desabou em quadra para comemorar. Depois dos cumprimentos de praxe, Victoria jogou a toalha na cabeça, à lá Zvonareva, e chorou, à lá Radwanska (em Wimbledon). Que a derrota a faça amadurecer, e não cair de rendimento. Como na WTA o fator psicológico pode decidir demais uma partida, nunca se sabe.

Jogão no último set e elogiável para a bielorrussa, que tem a gira asiática e um pulo na Europa, terminando em Istambul, para se segurar no topo. Será que ela consegue?

US Open 2012: 3R às semifinais

Terceira fase

Jie Zheng, número 23 do ranking, não foi páreo para Azarenka. Conquistou apenas um game, assim como a fraca Panova, na primeira fase, contra a bielorrussa. Mandy Minella é linda, mas nem faz cócegas em Grand Slam. Nunca passou de estreias, com exceção de Nova York, onde chegou até esta fase em 2010. Tinha boa chance de quebrar a própria marca, mas terminou tomando pneu de Anna Tatishvili.

Na Li, acomodada e não inspirando confiança, teve o que mereceu, perdendo em três sets para Laura Robson, a algoz de Kim Clijsters. Era possível esperar outra coisa boa da britânica; foi o que aconteceu. Lepchenko, em ascensão no ranking, perdeu de Samantha Stosur, defensora do título, mas saiu de cabeça erguida.

Na seção 4 estiveram três francesas, com apenas uma avançou: Marion Bartoli. Kvitova teve alguma dificuldade contra Parmentier, mas fez seu papel. Na 5, dois jogos dramáticos e também um tanto entediantes: Pironkova demorou pra fechar e só venceu Soler Espinosa na terceira parcial. Stephens foi valente, superando Ivanovic no primeiro tiebreak, mas depois caiu de produção.

Esperava-se que Makarova conseguisse uma nova façanha contra Serena Williams em Grand Slam, mas a norte-americana estava ligada. Quem decepcionou foi Kirilenko, caindo para a duplista Hlavackova. Vinci trollou a baixinha Cibulkova e Radwanska empurrou Jankovic no buraco, num placar não tão elástico.

Oitavas de final
Azarenka meteu duplo 6/2 em Tatishvilli, mas o placar engana, pois a georgiana errou pouco e deu trabalho à número 1. Stosur não estava tão afiada e tornou dramática a partida contra Robson, com direito a games longos; passou. Sharapova, depois de um 6/1 inicial, tomou um susto da compatriota Nadia Petrova, mas a chuva a ajudou, esfriando o jogo depois da interrupção.

Kvitova, com pouca torcida em Flushing Meadows, parecia que trucidaria Bartoli. Com um empurrãozinho do público e inversão de desempenhos em quadra, Bartoli renasceu, metendo um humilhante pneu na insossa tcheca. Pironkova finalmente lembrou que não jogava na grama, com Ivanovic passando o carro.

Para Hlavackova, três vitórias eram boas demais para ser verdade. Encontrou Serena e ganhou uma bela bicicleta. Infelizmente, com o resultado, repercutiu uma declaração machista de um tenista da ATP nas redes sociais. Na sequência, Kerber teve suas fraquezas expostas contra Errani, que passou em dois sets. Roberta Vinci foi mais surpreendente, num placar razoavelmente desproporcional contra a até então número 2 do mundo, Agnieszka Radwanska.

Quartas de final
Quatro jogos, duas realidades para cada metade da tabela. Ivanovic até jogou bem, conquistando quatro games, mas Serena não se abalou. Em outro duelo de duplistas na chave de simples, Errani mostrou ser melhor que Vinci. Elas são a atual cara do tênis italiano, enquanto Pennetta e Schiavone estão por baixo.

Na parte de cima, duas batalhas. Stosur, freguesa de Vika, finalmente conquistou um set, depois de seis jogos no head-to-head. O set final foi para o tiebreak e qualquer uma poderia ganhar. Deu a cabeça de chave 1. A seguir, Bartoli abriu 4/0 contra Sharapova, mas a chuva novamente apareceu. As moças continuaram no dia seguinte, mas o nível técnico estava baixo. Só melhorou no terceiro set, quando Maria carimbou sua passagem para a penúltima fase.




Semifinais
Um duelo tenso entre Maria e Vika. Infelizmente, a bolinha sofreu nos dois primeiros sets, vencendo quem errava menos. Assim como no último jogo da Bartoli, o público só viu seu ingresso valer no set final. Apesar dos pesares, foi o jogo mais equilibrado entre as duas – o quarto – no ano.

Na outra semi, Serena confirmou o favoritismo com 6/1 e 6/2. Errani deve ter se conformado por chegar tão longe em simples. Uma consolação que ainda lhe reservaria uma surpresa.

Outras considerações

A chuva só foi atrapalhar verdadeiramente o torneio nas fases finais. Maria Sharapova, pode-se dizer, saiu beneficiada. Seguiu a estatística de que, com chuva, ela vence. A exemplo da final em Roma. Só uma sequência é que foi quebrada: a de não perder jogos de três sets em 2012. Também, alguém teria que ceder, já que Vika tinha a mesma invencibilidade.

A conquista nas duplas mistas por Bruno Soares e Ekaterina Makarova parece ter sido obra do destino. O brasileiro jogaria com Jarmila Gajdosova, mas esta não atendia os requisitos do torneio, não podendo participar. Makarova estava de bobeira e, já tendo jogado com Soares, aceitou a parceria. A chave era difícil, com os Bryan e Lisa Raymond. Passaram por eles, com direito à definitiva aposentaria de Kim Clijsters, num emocionante jogo na quadra 17. Apesar do jogo ir até o match tiebreak, sendo vencido por 12 a 10, a dupla campeã foi superior. Poderia ter vencido mais cedo, mais desperdiçou muitas oportunidades.

domingo, 2 de setembro de 2012

US Open 2012: 1R e 2R


Com o gostinho de Olimpíadas ainda na boca, o último Grand Slam do ano chegou rapidamente. Os torneios entre eles – alguns bem importantes – não contaram com Sharapova e Azarenka, que até tentaram jogar, mas abdicaram pelo cansaço. As três semanas serviram para reerguer dois nomes – Kvitova e Li, que conquistaram, somadas, três títulos.

Nova York teve algumas desistências importantes: Kaia Kanepi, que vinha fazendo um bom ano, com dois títulos e o top 20 na conta, também ausente em Wimbledon. Flavia Pennetta, lesionada no pulso, passará por cirurgia e só volta em 2013. As russas Vera Zvonareva e Svetlana Kuznetsova, descendo no ranking (especialmente a segunda), são outras que rodaram.

Observando o chaveamento, percebe-se uma divisão bem desigual. A maioria das favoritas está na metade de cima, com Azarenka (atual número 1), Li (campeã de Cincinnati), Clijsters (tricampeã do US Open), Stosur (última campeã), Sharapova (medalha de prata em Londres e com Career Slam recém-conquistado) e Kvitova (vencedora do US Open Series). Na de baixo, o perigo maior está por conta apenas de Serena Williams, Kerber e Agnieszka Radwanska. Para a primeira, a melhor jogadora da WTA atualmente, a distância das melhores ranqueadas até uma possível semifinal é boa, mas também um perigo, pois ela foi eliminada em Melbourne e Paris por zebras.

Há a impressão da presença de muitas jogadoras desconhecidas, mas isso acontece em todo slame se dá graças aos convites e à incompetência de outras moças do qualifying. Teve espaço até para o tênis universitário e a estreia de uma adolescente na Arthur Ashe.

Primeira fase

Dez cabeças de chave foram derrubadas logo de cara. Um número relativamente alto. Julia Goerges não tem o piso duro como especialidade, mas, desta vez, cometeu “o” papelão contra a tcheca Kristyna Pliskova. que não está nem no top 100; perdeu em um tiebreak e conquistou apenas um game no segundo set. Lisicki, que não defendeu o título em Dallas e tinha um histórico desfavorável contra Cirstea, pereceu em três sets. Andrea Petkovic, voltando de lesão, não passou por Romina Oprandi. Barthel continua em má fase, não resistindo a Jovanovski. Seguindo esta linha, as eliminações de Medina Garrigues, Gajdosova, Niculescu, Schiavone, Zakopalova e Peng não foram tão surpreendentes. Para Caroline Wozniacki, a nova decepção em estreia foi digna de pena, pois uma lesão a incomodava. Precisou abandonar na semifinal de New Haven (Matt Cronin, no Twitter, implorava para que ela desistisse mais cedo). A derrota para Irina-Camelia Begu custou-lhe a saída do top 10 e a provável não ida ao WTA Championships, em Istambul. Para uma jogadora que começou o primeiro Slam do ano na liderança, esta é uma queda considerável.

Entre as vencedoras, Bartoli teve um jogo irregular contra Hampton e quase foi ao terceiro set. Kvitova teve trabalho contra a saibrista Hercog, precisando superar a primeira parcial somente no tiebreak; o cansaço por ter jogado uma final, dois dias antes, justifica e preocupa. Sara Errani suou para superar Muguruza Blanco em três sets; num jogo cheio de erros, o espectador sofreu com a péssima qualidade técnica (foi um dos piores confrontos que vi este ano). Em duelos de medianas, a inconstante Palvyuchenkova passou por uma ainda irrecuperável Hantuchova. A “gramista” Pironkova bateu Giorgi, que se deu bem justamente no último torneio de Wimbledon. McHale (McFail, para os íntimos) decepcionou a torcida da casa (ela mora ali perto, em Nova Jersey) ao vacilar contra a holandesa Bertens, que tem um título de WTA e uma vaga para a próxima fase.

Segunda fase

Na Li conquistou uma quebra contra Dellacqua e se acomodou, administrando o resultado. Funcionou no primeiro set, mas no segundo, a australiana abriu vários games de vantagem. Por uma característica que eu chamo de sorte (em ter uma adversária tão vacilante do outro lado), a chinesa conseguiu virar o placar e salvar o público do terceiro set.

Laura Robson, prata em Londres nas duplas mistas e que “joga tênis ocasionalmente”, segundo seu perfil de Twitter, realizou uma façanha que ninguém esperava: aposentou Kim Clijsters nas simples. Todos sabiam que este seria o último torneio da belga, que ainda se inscreveu nos outros dois de duplas (na feminina ela perdeu na estreia). O jogo foi duro, em dois sets com tiebreaks. A quadra não estava tão cheia. Mas a hora de Kim chegou. Melancólico, mas que pode servir de incentivo para a britânica, geralmente uma coadjuvante na WTA.

Os quatro jogos da seção 4 tinham francesas em competição. Bartoli sofreu para superar Romina Oprandi: sinal amarelo. A convidada Mladenovic surpreendeu eliminando Pavlyuchenkova, numa diferença bem grande, com 6/1 e 6/2. Outra zebra foi Wickmayer perecer perante Parmentier. A única do país a fracassar foi Cornet, para a normalmente favorita Kvitova. A tcheca não teve placares elásticos, a exemplo de suas principais concorrentes, mas está vencendo, que é o que importa.

Depois de derrotar adversárias mais fortes, Cirstea e Bertens pararam em jogadoras menos expressivas. No primeiro caso, tudo bem: era Sorana sendo Sorana. Para Bertens, foi uma decepção perder de uma russa top 150, Olga Puchkova. Esta será a próxima adversária de Sara Errani, que conseguiu disfarçar seus defeitos ao derrotar Dushevina, por 6/0 e 6/1. Caminho fácil pra italiana até as oitavas, em teoria. Aga Radwanska, por sua vez, tomou o susto de um set de Suárez Navarro, mas depois passeou.

No jogo mais esperado da rodada, Kerber tinha a missão de repetir a campanha do ano passado e confirmar a boa fase. Mais urgente era derrotar a multicampeã Venus Williams na Arthur Ashe cheia, com torcida contra, gritando durante os pontos. A norte-americana estava muito vulnerável no 1º set, parecendo que seria atropelada. O set virou, assim como a sorte delas. Kerber aumentou os erros (com direito a duas duplas faltas no game de serviço, que poderia levá-la ao tiebreak) e Venus, apostando muito no jogo de rede, triunfou. A alemã bateu várias palmas com a raquete, que pareceram irônicas (inclusive, antes de uma, tomou um bonito winner ao tentar um balão). Ela ainda precisou de tempo médico para enfaixar melhor o pé, enquanto a irmã de Serena usou o descanso normal que tinha para trocar o grip da raquete (duas vezes, sendo a segunda antes do último game). No fim, deu Angelique, que estava com uma quebra contra no terceiro set, mas virou na última hora.

Outras considerações

A derrota quase generalizada das alemãs chamou atenção, mas a da maioria foi esperada. Nesse bolo, Tatjana Malek chegou à segunda fase, o que poucos perceberam.

Em situação mais preocupante está o tênis russo. Em simples, tirando Sharapova, Kirilenko e Petrova, não dá pra confiar em ninguém. Nomes menores, que adentraram ou não o top 100, estão muito distantes do nível do segundo escalão do país. Basta ver os resultados.

Sobre a transmissão, é impossível ver três jogos ao mesmo tempo com concentração. Para dois, existem as opções costumeiras, mas encontrar links funcionando sem travamentos é um obstáculo. Eis que surge a transmissão no site do US Open. No qualifying, percebeu-se sua qualidade. Contudo, os jogos da chave principal só estavam disponíveis para os Estados Unidos. Solução: baixar o UltraSurf e acessar anonimamente. Só não dá pra ver dois jogos ao mesmo tempo (a pequena janela do site para outro jogo é muito pequena) e, talvez, a conexão fique limitada para outras funções.