sábado, 7 de julho de 2012

Wimbledon 2012: primeira semana

A temporada de grama é curta demais. Mal acaba Roland Garros e, pum, o Grand Slam em Londres começou. Ruim para a maioria das atletas, que têm pouco tempo para se acostumar ao novo piso. Só algumas, conhecidas por sua especialidade no piso (estou olhando para você, Pironkova), são razoavelmente beneficiadas.

O International holandês, na cidade de s’-Hertogenbosch (depois de um tempo, você aprende a escrever corretamente), destacou jogadoras do país vizinho, a Bélgica. Kirsten Flipkens surpreendeu e Kim Clijsters, retornando ao circuito para o seu provável último respiro (anunciou que se aposentaria depois do US Open), chegaram às semifinais. Mas pararam aí (Kim sentiu uma lesão e, cautelosa, abandonou, visando o torneio seguinte). Bom para Nadia Petrova, que fez 280 pontos, e Ula Radwanska, em sua primeira final de um WTA.

No Premier de Eastbourne, várias favoritas – Kvitova, Wozniacki e Radwanska – caíram cedo. A austríaca Tamira Paszek mostrou garra e força: além de derrotar Pironkova em sets diretos, ganhou outros três jogos, num melhor de três, com atenção aos dois últimos, quando pareciam estar perdidos. Pior para Bartoli, que sentiu uma lesão, próxima à vitória, e Kerber, que amarelou enormemente na final, depois de cinco match points.

Na grama sagrada de Londres, a programação é bem apertada. Não há jogos nos dois primeiros domingos, compactando a primeira semana em três rodadas. Vamos por partes:

Seção 1: as coisas não foram tão fáceis, quanto em Roland Garros, para Maria Sharapova. Fez jogos razoavelmente disputados contra Rodionova (1R) e Hsieh (3R). O confronto que chamava mais atenção, contudo, era o da segunda rodada: Pironkova se doou nos dois primeiros sets, indo aos tiebreaks. No primeiro, tremeu e cedeu. No segundo, confirmou. No set final, mostrou-se irreconhecível e tomou pneu. Foi outro jogo. Uma pena.

Sloane Stephens confirmou a boa fase e venceu dois jogos. Parou em Sabine Lisicki, que estava na draga até a semana anterior. A alemã melhorou, mas nem tanto: poderia ter liquidado Jovanovski, na segunda fase, sem o drama do terceiro set sem tiebreak, no qual venceu por 8/6.

Seção 2: outra em má fase foi contra as expectativas. Vera Zvonareva passou por Barthel, que tem menos torneios seguidos sem brilhar. Dois jogos depois, perdia razoavelmente para Clijsters, quando saiu por lesão. Pobre Bepa. Kim ganhou seus jogos com tranquilidade, com destaque ao duelo de ex-números 1, frente a Jankovic, na primeira fase.

McHale teve dificuldade contra uma britânica convidada (Johanna Konta) e Mathilde Johansson. Kerber enfrentou nomes médios – Hradecka e Makarova – impondo-se como top 10. É estimulante ver que ela não se deixou abalar pelo vice em Eastbourne.

Seção 3: as últimas campanhas de Agnieszka Radwanska não inspiravam, mas as adversárias que poderiam tirá-la decepcionaram. Venus Williams caiu na estreia para Vesnina, que caiu para a própria Aga. Hantuchova, voltando de lesão, vazou para Hampton.

Do outro lado, Petrova poderia ter aproveitado melhor a experiência pelo título recente na grama. Talvez cansada, teve trabalho contra Timea Babos. Eis que surge a qualifier Camila Giorgi, que já havia eliminado Pennetta na primeira fase. Petrova desperdiçou oportunidades contra a italianinha e protagonizou um dos vários vexames em Wimbledon.

Seção 4: Sorana Cirstea devolveu a derrota em Roland Garros para Na Li, mas sumiu contra Kirilenko. A Little Masha teve jogos fáceis, e chegou às oitavas. A fama de Sam Stosur em ser péssima na grama se confirmou no segundo jogo. Arantxa Rus se destacou ao eliminá-la, mas caiu sem esforço para Peng, na sequência.



Seção 5: a cota de eliminaçã de Williams na primeira rodada ficou para Venus. Barbora Zahlavova até jogou bem contra Serena. A americana foi ter maior dificuldade, depois, contra Zheng, com direito a um tiebreak e 9/7, no 3º set. O serviço dela foi o ponto alto, mas o resto do jogo deixou a desejar.

Errani é outra que poderia ser cornetada pelo fraco jogo na grama, embora tivesse levado um título de duplas na Holanda. Ganhou os dois primeiros jogos com facilidade, mas contra Yaroslava Shvedova, ficou marcada negativamente. A vice-campeã de Roland Garros levou pneu no primeiro set sem marcar ponto algum. É o chamado golden set. Sinal de alerta. Pavlyuchenkova obteve muitas duplas faltas no ano passado, em Baku, e isso a afetou bastante. Que a top 10 italiana não se deixe contagiar pelo desempenho negativo marcante.


Seção 6: Cibulkova, que defendia quartas de final, foi outra que caiu na estreia. Schiavone, não íntima da grama, fez o que não se esperava, ao vencer três jogos.

Do outro lado, Kvitova não se complicava tanto, enquanto Lepchenko tirava Pavlyuchenkova e perdia para a tcheca campeã de 2011.


Seção 7: muitos esperavam que Wozniacki perdesse logo de cara, mas não com tanta dificuldade. Paszek, talvez exausta pela última semana, gastou três horas para o êxito. Foi histórico para a dinamarquesa, que não era eliminada nessa fase desde o primeiro Grand Slam que disputou - Roland Garros de 2007. Wickmayer teve algum incentivo ao eliminar Kuznetsova e lutou pra passar por Voskoboeva (mérito para a cazaque). No terceiro desafio, não resistiu a Paszek.

A parte de baixo só chamou atenção pela eliminação de Bartoli, que tinha uma chave fácil. O presente acabou nas mãos de Roberta Vinci.


Seção 8: Ana Ivanovic voltou a estreiar em slam contra uma espanhola. Sofreu para passar por Martínez Sánchez e um pouco menos por Kateryna Bondarenko. Goerges, que foi sua adversária na terceira rodada, trabalhou muito e perdeu. Se antes dava pra pensar que a alemã “não ganhava de uma top 10, com exceção da Wozniacki”, agora pode-se pensar em mais derrotas do que vitórias para as dez seguintes do ranking. No Twitter, ela respondeu aos cornetas com o clássico “é porque vocês não estão lá jogando”. Tá bom, Julia.

A espanhola Anabel Medina Garrigues poderia facilmente ter vencido duas vezes. Mas ela se complica em jogos teoricamente favoráveis, não sendo uma aposta segura. Uma qualifier avançou. Vika Azarenka, agora seed 2, passou por Falconi, Oprandi e Cepelova, com dificuldades passageiras, sem muitas preocupações.

Outras considerações

Sem Eurosport, que não tem os direitos de transmissão, sobra o canal grego Nova Sports, que tinha feito o serviço no ano passado. Só que, quem acompanha bem o primeiro, reconhece as vozes de muitos profissionais no segundo. Daí, este ano, vejo um dos comerciais (normalmente em grego, enquanto a transmissão é em língua inglesa) anunciando a programação do... Eurosport. O Nova deve ser do ES, com o nome trocado.

Outra emissora recorrente nos streams ilegais de Wimbledon 2012 é a italiana Sky Sport. Curti. BBC também aparece às vezes, só que é difícil encontrá-la, assim como algumas emissoras do leste europeu.

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