domingo, 3 de junho de 2012

Roland Garros 2012: primeira semana

Considerando a chave principal, já se passaram 112 jogos, 7 dias e 3 fases. O Grand Slam no saibro francês já definiu suas 16 melhores, com as habituais surpresas. Seguirei a divisão deste link para os comentários.

Seção 1

Azarenka, a natural favorita, quase deu adeus ao perder um set e quatro games seguidos no segundo para a italiana Alberta Brianti. Depois de muitos erros, veio uma espetacular reação e a classificação. Ela enfrentou novo trabalho (menor, é verdade) no terceiro jogo, contra Wozniak, que teve ótimo desempenho.

Caroline Garcia, promessa francesa convidada, passou vergonha ao perder para a desconhecida alemã Dinah Pfizenmaier, que é mais bonita comendo. Esta foi premiada para jogar contra a número 1 do mundo e tomar uma surra.

Safarova decepcionou ao perder de uma espanhola random de nome composto. Cibulkova não teve dificuldades.

Seção 2

Sabine Lisicki está numa draga, e sua derrota foi esperada. Mattek-Sands, que não apareceu muito este ano, cometeu o crime. Mathilde Johansson, a sueca naturalizada francesa, foi a que melhor avançou sob as cores da bandeira tricolor. A norte-americana Sloane Stephens a parou facilmente e faz sua melhor campanha num Slam.

Nadia Petrova disputava uma vaga olímpica com as patriotas; duas concorrentes diretas defendiam muitos pontos. Só que uma delas ainda está viva, enquanto Nadia perdeu o terceiro jogo. Stosur não teve muito trabalho, mas pode se esperar tudo da australiana.

Seção 3

A participação e conquista do Premier de Bruxelas por Agnieszka Radwanska pode ter sido um bom ingrediente motivacional em Paris. Ou sinônimo de precaução, triunfando num torneio mediano, já esperando pelo pior no major. Das tops, é certo afirmar que ela foi a menos beneficiada pelo sorteio. O confronto com Venus era visto como duro, mas passou tranquilamente. Kuznetsova, em crise de identidade nos últimos meses, foi contra as expectativas e surrou a polonesa versátil. Na segunda metade da seção, Ana Ivanovic fez dois jogos fáceis, sendo elogiada pela ofensividade. Sara Errani, que ganhou uma porção de torneios no saibro, somente nos de categoria International, suou contra a australiana Casey Dellacqua na estreia e, no terceiro desafio, ao tomar 6/1 da sérvia ex-campeã de Roland Garros, conseguiu dar a volta por cima, aproveitando os vários erros da adversária. Bom para ela, mas não quer dizer nada, por enquanto.

Seção 4

Nova número 1 da Alemanha, Angelique Kerber carrega um grande peso nas costas. A expectativa é de mais uma semifinal em Grand Slam. Seu maior desafio foi contra Flavia Pennetta, que conseguiu tirar um set. Terá, a seguir, um duelo relativamente tranquilo contra a croata Petra Martic. Esta chegou longe porque as duas maiores favoritas não aproveitaram a chance: Bartoli já vinha em má fase e Anabel Medina Garrigues é só a Anabel que conhecemos.

Seção 5

Depois de eliminar Stosur em Melbourne, muitos previam uma nova façanha de Sorana Cirstea em eliminar uma campeã de Slam. Mas Li estava atenta, não dando chance ao azar. Dois jogos depois, Christina McHale a tirou da zona de conforto ao roubar um set. Pena que a norte-americana tenha estragado tudo, depois do triunfo inicial.

Em outra disputa interna por Olimpíada, a alemã Mona Barthel surpreendeu ao ser humilhada pela quali Lauren Davis: 6/1 e 6/1. Ela já vinha numa sequência fraca, mas, neste caso, a decepção é maior por seu potencial. Do outro lado, Vinci caiu para Arvidsson, que caiu para Shvedova, que avançou até às oitavas. É gratificante ver uma atual duplista de sucesso voltar a fazer bonito em simples (pena que Gisela Dulko não tenha furado o quali). Falando em cazaques, a desconhecida Sesil Karatantcheva entrou como lucky loser no lugar da machucada Zvonareva, e venceu um jogo. Um grande feito.

Seção 6

Schiavone fazia parte de um trio (também composto por Pavlyuchenkova e Kuznetsova) que, previa-se, perderia muitos pontos. A italiana, campeã em Estrasburgo, não foi tão longe, mas lutou firmemente. Perdeu para Varvara Lepchenko, que quase eliminou Aga Radwanska em Madri. A uzbeque naturalizada norte-americana teve seu merecido prêmio.

Petra Kvitova dominou os primeiros jogos, mas preocupa ao ter entregado um set para Nina Bratchikova, russa que, apesar de ser top 100, é pouco conhecida. As campanhas medianas continuarão? Varvara é um bom desafio.

Seção 7

A seção do terror. Em condições normais, todas seriam trucidadas por Serena Williams. Mas a moça fez mais uma daquelas partidas inexplicáveis contra jogadoras menores (vide a "makarovada" no Australian Open), sendo eliminada, com muito drama, pela francesa Virginie Razzano. Foi uma das partidas mais emocionantes do torneio. Infelizmente, não a vi na íntegra. Troquei-a por Caroline Wozniacki, que passou fácil por Daniilidou, e também por Gajdosova, até encontrar Kanepi. Outro drama, em um jogo menos catártico. A estoniana teve enorme vantagem no segundo set e vários match points. Só fechou na terceira parcial. Detalhe: Carol reclamou muito do juiz, chegando a ofendê-lo. Um prato cheio para os haters e espectadores desanimados.

Julia Goerges é um caso difícil. Previa-se a derrota na estreia para Hradecka, que fez boa campanha em Madri. Venceu em sets diretos. Depois de despachar Watson, pegou Arantxa Rus, a holandesa conhecida por eliminar Kim Clijsters em 2011. A primeira parcial foi muito equilibrada (não deveria, contra uma jogadora menos ranqueada como Rus). Na sequência, uma vitória tranquila. No set final, o apocalipse: Rus abriu uma grande vantagem, com duas quebras, devolvendo o 6/2. Como era o último jogo do dia, Julia reclamou da falta de iluminação e pediu atendimento médico. A catimba não funcionou e o constrangimento se consumou. Para quem esperava por Serena (ou Julia) contra Wozniacki, até que essa chave foi bem esquisita.

Seção 8

Maria Kirilenko, recém-chegada ao top 20, não vingou. Pavlyuchenkova, do trio citado anteriormente, parecia criar uma boa sequência. Mas quem se impôs foi a tcheca Klara Zakopalova, que já tinha feito outra boa campanha em Paris, no Premier de fevereiro.

Maria Sharapova, por sua vez, deve ter se exercitado com mais intensidade em seus treinos. A romena Cadantu, a japonesa Morita e a chinesa Peng só tiraram cinco games da russa. É muita incompetência. Isso dá certa tranquilidade à loira. De qualquer forma, é o suficiente para torná-la a grande favorita ao torneio e, consequentemente, ao Career Slam.

Outras considerações

- A qualidade das transmissões está bem a desejar. Vários links nos sites piratas estão travando. Felizmente, há o Watch ESPN (ex-ESPN 360) para me salvar; é um meio legal de stream. Pena que os sinais sumam, vez ou outra, na metade do dia.

- Passei a ver com frequência o Game, Set and Mats, que analisa os jogos do dia, no Eurosport. Mats Wilander, depois de sofrer um acidente e não fazer o programa no Australian Open, está de volta. O quadro com o sérvio Janko Tipsarevic é uma bobagem. Apesar de já ter em Melbourne e não ser novidade nem em Paris, as entrevistas a bordo do carro de um patrocinador são bons passatempos. O entrevistador tem carisma e o roteiro não fica preso à tela de LCD com as perguntas. O estúdio de vidro, ao fim da jornada, é inútil, pois está escuro e não se vê nada ao fundo. Os momentos de humor, chamados de Zap, perderam força. São curtos e chatos. Má seleção de imagens ou realmente não aconteceu nada de extraordinário nas quadras?

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