domingo, 29 de janeiro de 2012

Australian Open 2012: segunda semana

Oitavas de final
Wozniacki x Jankovic: o pior jogo da fase e, quiçá, do torneio. A dinamarquesa começou com pneu, mas não saiu da estratégia defensiva. No segundo set, as duas insistiam em errar e não acabar logo a partida. Carol só fechou em 7/5.

Clijsters x Li: o mais aguardado desde o início do torneio. Reedição da final de 2011, Li começou superior e conquistou o 1º set. Só que, nesse tempo, Clijsters machucou o tornozelo. Não houve choro e, aparentemente, estava tudo bem. O problema foi a chinesa, que chegou a acumular quatro match points, tendo tomado a virada e perdido o set. Isso a abalou tanto que, no terceiro set, Kim não perdoou. Quem chorou depois foi Li, na coletiva de imprensa.

Azarenka x Benesova: outro jogo tranquilo para a bielorrussa. Não é essa tcheca que dá trabalho.

Goerges x Radwanska: a alemã foi atropelada por Radwanska. Sinal vermelho para ela, que nunca conquistou grandes resultados na quadra rápida. Seu desempenho foi horroroso.

Makarova x Williams: Serena jogou estranhamente mal. Parecia que forçava aquilo. Makarova demorou, mas aproveitou o vacilo da norte-americana. Do ponto de vista "pequeno contra grande", foi um vitória animadora para o fã de tênis.

Lisicki x Sharapova: Sabine fez um primeiro set espetacular, mas perdeu a regularidade nos dois seguintes. Uma pena, já que é uma tenista bastante promissora.

Errani x Zheng: o jogo menos sedutor da rodada. Zheng tem duas finais de Slam no currículo, mas em títulos e ranking, a disputa era parelha. Errani ganhou com extrema facilidade na Margaret Court Arena e comemorou seu melhor resultado nesse tipo de torneio.

Ivanovic x Kvitova: ao contrário das expectativa, não foi um jogo fácil. Depois de levar o 1º set, Petra errou muito no 2º e deixou Ana gostar do jogo. No fim, uma cansativa vitória no tiebreak.


Quartas de final
Wozniacki x Clijsters: a campeã contra a número 1. Kim aproveitou a vitória psicológica em seu último jogo para passar por Carol. Na verdade, foi superior nos dois sets, apesar do tiebreak no último. Azar da dinamarquesa, que perdeu a liderança no ranking depois de quase 1 ano seguido nele.

Azarenka x Radwanska: antes do jogo, havia um boato de que Victoria teria se machucado num treino. A suspeita tomou conta do primeiro set, quando as duas erravam muito e eram frequentemente quebradas. Chegaram ao tiebreak e Agnieszka fez um surpreendente 7/0. Vika esfriou a cabeça e voltou arrebentando. Meteu pneu e mandou a polonesa pra casa com um 6/2 final.

Makarova x Sharapova: Ekaterina teve mérito por algumas vitórias anteriores, mas não foi páreo pra Sharapova, que não queria ver zebra na sua frente. 6/2 6/3 fácil.

Errani x Kvitova: a italiana jogou incrivelmente bem e só não ganhou um mísero set porque Petra teve um algo a mais. Mesmo assim, o sinal amarelo da tcheca está piscando e, pelos jogos que deram tantos títulos em 2011, ela deveria ter ganho facilmente.


Semifinais
Clijsters x Azarenka: o primeiro real desafio para a bielorrussa. Vika foi vibrante, metendo muita cruzada no approach, conquistando pontos incríveis. Infelizmente, deu tilt no segundo set e tomou 6/1, mas retomou o bom jogo no terceiro e chegou a sua primeira final de Grand Slam. Uma grande conquista, mesmo que não levasse o título.

Sharapova x Kvitova: um grande confronto, reedição da final de Wimbledon. Apesar de tudo, foi um jogo ruim, com erros não-forçados dos dois lados e sem lances surpreendentes. Ganhou quem foi menos irregular. Petra amarela de novo numa semifinal (pressão?) e a próxima #1 não será mais ela.


Final
Azarenka x Sharapova: o argumento de experiência em decisões com Maria era razoável, visto que Vika perdeu, anteriormente, seus últimos dois sets pelo psicológico. Mas em Wimbledon, a russa decidiu contra uma estreante e perdeu. A falta de brilho em sua semifinal era um fator contra.

A cabeça de Vika pesou apenas nos primeiros dois games. Cometeu erros bobos. Depois, foi só alegria. 6/3 e um humilhante pneu em Sharapova. Má noite desta?

Ruim pra quem esperava um jogo competitivo, mas ótimo para Azarenka, que conquistou o primeiro Slam e a liderança do ranking.

Azarenka comeu pelas beiradas. Não era favorita ao #1, mas a chave a ajudou. A remoção de Wozniacki da ponta era inevitável. No WTA Championships 2011, a esperança é que Sharapova tomasse o posto, mas uma lesão adiou tudo. Petra Kvitova, que já vinha de um ano incrível, conquistou o torneio e chegou bem mais perto. Só que sua suposta frieza foi pro ralo e ela mostrou que é suscetível a pressões. Jogou mal em Sydney, sendo lá que demonstrou a possibilidade de uma nova falha. Não mostrou confiança em alguns jogos do Australian Open, mas, mesmo assim, os olhos paraivam sobre ela. No fim, deu Azarenka, que só foi vista como a escolhida após confirmar seu championship point.

ProjeçõesAinda é muito cedo para prever se Azarenka aguentará muito na liderança. Ela e Kvitova defendem um Premier cada nos próximos meses e, em Roland Garros, podem melhorar a campanha de 2011.

À Vika, dois desafios são necessários: vencer Serena Williams e Petra Kvitova. Foi freguesa da segunda em 2011. Serena, quando quer jogar, é imbatível. A chance contra esta virá na próxima semana, quando se enfrentam pela Fed Cup. Não vale pontos e a equipe bielorrussa é mais fraca, mas o jogo entre as duas serve de bom teste.

Petra, sem as pressões da última semana, pode, talvez, voltar a jogar bem. Antes de superar os adversários, precisa se resolver consigo mesmo.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Australian Open 2012: primeira semana

O clima do Australian Open era sentido há muito tempo. Em dezembro, um play-off foi organizado para dar aos vencedores uma vaga direta nas chaves principais. No feminino, deu a novata Ashleigh Barty, prata da casa. Mal o ano começou e a temporada na Oceania estava a todo vapor. Brasileiros e outros espectadores de fusos horários próximos tinham que virar a noite para acompanhar os jogos.

Depois de mudar meus hábitos e acompanhar as duas primeiras semanas numa boa, portei-me diferente com Melbourne. Curiosamente, só conseguia ver os jogos da manhã (os últimos do dia no torneio). Dormia antes. Comecei a ver os primeiros jogos diurnos no quarto dia.

Além do magnífico Live Score Hunter, tive mais duas alternativas pra ver os jogos legalmente: o ESPN 360, com um show de edição da emissora, mas falho ao não transmitir os últimos dias, e o stream no site do Australian Open, oficial, gratuito e com imagem perfeita. Travava de vez em quando, mas valia a pena.

Nesse início de torneio, assistir às favoritas pode ser muito frustrante. São treinos, praticamente. Com sorte, algumas zebras vão aparecendo. Samantha Stosur tombou na estreia para a romena Sorana Cirstea. Maldição de última campeã de Slam? De jogar na Austrália? E Sorana, vai emplacar agora? No próximo torneio do tipo, vou começar assistindo a partida inaugural da nº1, da última campeã e da favorita da casa. Só pra ver como estão as coisas.

Pra facilitar, dividirei a chave principal em quatro partes para levantar o que chamou a atenção.

Chave da Wozniacki: Safarova decepcionou perdendo de McHale, que decepcionou perdendo de Erakovic. Ashleigh Barty, a vencedora do play-off, poderia jogar contra a nº 1 do mundo se passasse por Tatishvili. Não deu. Niculescu e Cornet fizeram um jogo dramático, com games longos, pneu e choros. Infelizmente, a romena não deu trabalho para Wozniacki, que enfrentou maior resistência contra Tatishvili, na segunda fase.

Do outro lado, Kim Clijsters deixou a portuguesa Maria João Koehler gostar do jogo no primeiro set, mas depois atropelou. Dois jogos depois, devolveu o favor prestado em Sydney, acabando com a Hantuchova.
A recém-convertida cazaque Ksenia Pervak (mudou de nome pra Xeniya) vazou logo de cara para a atual vice, a chinesa Na Li. Na terceira fase, o jogo desta contra Anabel Medina Garrigues acabou cedo demais. A espanhola torceu o tornozelo depois de três games e chorou copiosamente. Quem não ficou com vontade de abraçá-la?

Chave da Azarenka: atropelos e dois pneus. Assim foi o caminho inicial de Vika, que enfrentou alguma dificuldade contra Mona Barthel, a vencedora de Hobart. Pennetta caiu para Bratchikova na primeira fase. Sua recente lesão pode ter pesado, mas o fato é que ela continuou em duplas, disputando mais três partidas.
Schiavone perdeu para a compatriota Oprandi, que perdeu depois para Julia Goerges. A alemã enfrentou dois duros jogos e teve a sorte de um abandono em outro. A ida à quarta fase é um recorde no seu histórico em Grand Slam, mas foi mais por sorte do que mérito. Wickmayer confirmou a má fase ao cair na primeira fase. Pironkova também não foi muito longe. Agnieszka Radwanska ganhou os três jogos: contra Mattek-Sands, o tiebreak do primeiro set foi bem longo. A revelação argentina Paula Ormaechea e Voskoboeva não ofereceram muita resistência, infelizmente.

Chave da Sharapova: Kanepi, a recente sensação do Premier de Brisbane, não conseguiu passar da segunda fase. Cibulkova se matou contra Greta Arn, mas não vingou. Serena Williams atropelou. O destaque, contudo, foi a russa Ekaterina Makarova, discreta em grande parte de 2011, que eliminou Kanepi e a russa Vera Zvonareva.

A suíça Stefanie Voegele, que deu algum trabalho para Azarenka em Sydney, repetiu com Sabine Lisicki, incluindo a derrota. A alemã semifinalista em Wimbledon voltou a ter trabalho contra Svetlana Kuznetsova dois jogos depois, mas virou incrivelmente. Kerber fez trabalho digno e parou na primeira favorita que encontrou. O confronto desejado pelos marmanjos entre Mandy Minella e Maria Sharapova não rolou. A russa de altos gritos passeou nos três jogos que disputou.

Chave da Kvitova: Cirstea surpreendeu a todos eliminando Samantha Stosur, a última campeã de Grand Slam. Infelizmente, enfrentou dificuldades contra adversárias mais fracas e caiu para Sara Errani, na terceira fase. Esta, por sua vez, foi a italiana que mais avançou, parando, mais tarde, numa favorita. Jie Zheng e Marion Bartoli derrubaram adversárias até se enfrentar. Deu a chinesa, com duplo 6/3.

Anastasia Pavlyuchenkova continua em má fase e caiu pra Vania King. Ivanovic espantou o fantasma da estreia do Australian Open 2011 e foi superior nos três jogos. Maria Kirilenko, que disputou qualifying em Sydney, passou sem problemas por Jarmila Gajdosova e perdeu um set para Aleksandra Wozniak. No confronto contra a favorita Petra Kvitova, perdeu sete games seguidos, sem conquistar nenhum, para abandonar logo em seguida. A tcheca, que poderia ser número 1 em Sydney, enfrentou alguma dificuldade contra Carla Suárez Navarro, mas chegou nas oitavas de final.

Semanas 1 e 2 de 2012: Perth, Brisbane, Auckland, Sydney e Hobart

O ano começou há algumas semanas, mas só agora inicio os trabalhos no blog. Decidi abandonar a confecção das chaves, porque elas já são feitas em outros lugares e aqui não servem pra nada.

Irei dedicar-me agora a dissertar sobre os jogos. Não garanto a melhor exposição – até porque poucos, mas bons blogs sobre WTA por aí que fazem melhor. Mas me divertirei com isso.

Iniciando a temporada, teve o torneio de duplas mistas com parceria uma representando uma nação. É a Hopman Cup, realizada em Perth, no noroeste australiano. Petra Kvitova, ao lado de Tomas Berdych, ganhou mais um título. Só falta uma medalha Olímpica pra ter todo tipo de conquista possível em simples (International, Premier, Grand Slam, Championships, Fed Cup e a Hopman já foram). Não ponho na conta o challenger e o future.

A Dinamarca de Caroline Wozniacki e a China de Na Li ficaram desfavorecidas com parceiros inexpressivos. Na Austrália, Jarmila Gajdosova, namoradinha do Brasil desde Roland Garros, tomou bicicleta de Marion Bartoli e chorou. Entre os franceses, Marion honrou as cores do país ao chegar à final, mas o constante conflito com a Federação Francesa de Tênis deve impedi-la de participar dos Jogos Olímpicos.


Nos primeiros torneios organizados pela WTA, pode-se dizer que a zebra correu solta. Em Brisbane, terra do Bee Gees, Serena Williams torceu feio o tornozelo, mas, mesmo assim, venceu a sérvia Bojana Jovanovski. Clijsters sentiu dores nas costas e abandonou a partida que estava ganhando. Sorte de Daniela Hantuchova, no caminho das duas, que teria perdido de cara em condições normais. Mas chegou à final. Só que a estoniana Kaia Kanepi, que já vinha se destacando no final de 2011 (venceu a número 1 uma vez e foi finalista em Moscou), não perdoou. Derrotou três nomes do top 20: Pavlyuchenkova, Petkovic e a decadente Schiavone. A final, contra Hantuchova, também não teve grande esforço. Segundo título dela.


No International de Auckland, algumas previsíveis decepções, como as de Sorana Cirstea e Julia Goerges. O sorteio das chaves reservou três jogos entre alemãs, apelidado carinhosamente de Copa New Graf. Deu Angelique Kerber, a surpreendente semifinalista do último US Open. Azar de Sabine Lisicki, que no jogo decisivo abandonou. Na continuação do torneio, Flavia Pennetta parecia a favorita. Só que as chuvas levaram as finais para uma apertada quadra coberta, e a italiana sentiu uma lesão. Sorte da chinesa Jie Zheng, que levantou o caneco. Nas duplas, a parceria entre Pennetta e Goerges rendeu bons frutos. Elas foram vice-campeãs. Que a alemã tenha aprendido muita coisa com Flavia.


Na segunda semana, o forte Premier de Sydney reservou as maiores surpresas para o final. Os três últimos jogos envolveram apagões das jogadoras. Se Petra Kvitova fosse campeã, tornaria-se a nº 1. Só que ela se borrou nas semifinais, num fácil jogo contra Na Li. Victoria Azarenka, por sua vez, também se enrolou. Contra Agnieszka Radwanska, o fantasma do último confronto estava vivo, quando um “tilt” da bielorrussa permitiu a vitória da adversária, que seria campeã em Pequim. Felizmente, Vika deu a volta por cima. Na final, mesma situação. Vencendo Li em três sets, ela adquiriu uma necessária confiança para o Australian Open, que viria na semana seguinte.


Enquanto isso, em Hobart, ilha no sul australiano, Mona Barthel conquistou seu primeiro título contra uma irreconhecível Yanina Wickmayer, que deveria ter oferecido, no mínimo, alguma resistência.