segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012

Hora de abandonar a individualidade característica da maior parte no ano tenístico e vestir as cores nacionais. O tênis olímpico está apertado na última semana de julho/início de agosto, mas as atletas se preparam há semanas. Disputado em Wimbledon, que teve de se virar para recuperar a grama depois do Grand Slam, em tão pouco tempo, o templo do tênis foi dominado pela roupagem do evento multiesportivo; os jogadores poderiam abdicar do tradicional branco em suas roupas. Em alguns tópicos, aqui está o que aconteceu de relevante em Londres:

1. A bandeira é delas

Um dos momentos mais legais é a cerimônia de abertura. Especialmente a parte em que os países desfilam pelo estádio olímpico, em grupos, grandes ou pequenos, com um representante na dianteira, segurando um mastro.

Este ano, muitos tenistas surgiram como porta-bandeiras. O excesso causou um estranhamento inicial. Maria Sharapova e Agnieszka Radwanska foram escolhidas por conveniência. Uma completou o Career Slam e voltou à liderança (temporária) do ranking. Outra chegou à primeira final de Grand Slam e quase se tornou a número 1. A corneta em cima de Sharapova por não representar muito a Rússia é antiga; em 2012, ela jogou a Fed Cup só para cumprir tabela, contra um adversário fácil, enquanto Radwanska não participou. Completando o trio, a desconhecida Stephanie Vogt representou a pequena Liechtenstein. Na quadra, recebeu convite e perdeu na estreia. Não importa.

No calor da festa, a circunstância das escolhas foi esquecida. Foi divertido procurar rostos conhecidos no meio das delegações (Polona Hercog, Carla Suarez Navarro, Andrea Hlavavocka e Lucie Hradecka estavam lá); quem jogaria no dia seguinte não pôde comparecer. A espera dos porta-bandeiras causou ansiedade. O desfile demorou mais de uma hora. Sharapova e Radwanska (o narrador da TV Record se engasgou com o nome da polaca) foram muito bem. Mais cinco atletas ainda representaram o tênis, todos da ATP.

2. Outfits

O branco de Wimbledon ficou em segundo plano, na maioria dos casos. As fornecedoras tinham oportunidade na variação. Para o bem ou o mal, alguns padrões se repetiram. A Adidas, que mal se importa com as vestes para a Fed Cup, falhou com a maioria de suas tenistas. Repetiu não só o layout destas, mas também as cores. Algumas tinham o escudo costurado (Kirilenko tinha um gigante e horrível nas costas). A Clijsters, foi aberta uma exceção, e ela teve cores secundárias diferentes. Mas ficou a desejar. Por outro lado, Caroline Wozniacki teve um belo vestido vermelho. O visual só não ficou perfeito porque um persistente boné desarmonizava o conjunto. Sam Stosur, que tem contrato com a Fila, ficou com a marca alemã por uma semana, ganhando com visual simples, bonito e adequado. A Grã-Bretanha, ou Team GB, teve uma coleção assinada por Stella McCartney. Todos deste país se beneficiaram. Laura Robson e suas colegas ficaram belas e sem firulas: top azul marinho com sóbrios detalhes em vermelho e saia branca. A blusa, mais trabalhada, não era feia.

A Nike repetiu um layout recente (ver alguns exemplos nas imagens seguintes) para a maioria das atletas. Não se esqueceu de reproduzir as cores dos países. Ponto pra ela. Serena Williams teve um vestido exclusivo, de muitas alças e azul marinho. A italiana Lotto uniformizou com todas, num outfit azul com detalhes em rosa. A polonesa Agnieszka Radwanska e a espanhola Carla Suarez Navarro, por exemplo, ficaram irreconhecíveis.

No material adicional, isto é, nas blusas e calças que cobrem os atletas antes e depois das competições, a República Tcheca investiu em finas linhas azuis e vermelhas em peças predominantemente brancas. Contudo, as galochas azuis chamaram atenção tanto na cerimônia de abertura quanto no pódio feminino de duplas. Rússia se empolgou no desenho de seu casaco. Fez-me ter saudades do anterior (que já não gostava muito).

3. Decepções

Campeã de Eastbourne e quadrifinalista de Wimbledon, Tamira Paszek tinha tudo para repetir o desempenho na grama olímpica. Inexplicavelmente, caiu para Alizé Cornet, mal no ranking e que recebeu convite.

Apesar de nunca ter ganho neste piso, Tsvetana Pironkova tem boa fama nele. Vazou logo de cara para Cibulkova, que teve péssima atuação no último Grand Slam e estava no piso duro norte-americano uma semana antes.

Agnieszka Radwanska teve azar na estreia, mas, mesmo assim, o resultado assusta pelos últimos feitos no circuito. A queda de Na Li para Hantuchova, que estava machucada até outro dia, mostra que a chinesa há muito não apresenta um tênis de qualidade. Petra Kvitova também não está lá grandes coisas, mas foi adiante. Passou com dificuldade por Kateryna Bondarenko e Shuai Peng. Parou nas quartas em Maria Kirilenko, por sets direitos. Nas CNTP, ela, no mínimo, chegaria à semifinal.

4. Surpresas

Se for ver a chave, até que não rolaram muitas. Clijsters, em fim de carreira, foi com tudo nesta Olimpíada. Wozniacki derrotou adversárias fáceis até cair para Serena Williams, mas poderia ter perdido antes.

Julia Goerges, sim, fez mais do que se esperava. Com 20 aces e 56 winners, despachou a número 2 do mundo na estreia. Foi o jogo dela na temporada. Depois passou por uma perigosa Varvara Lepchenko e encerrou a participação contra Maria Kirilenko. A derrota foi chata, mas é melhor ver pelo lado positivo, podendo comemorar o desempenho e se espelhar nele nos próximos compromissos.

Maria Kirilenko encontrou adversárias fracas nos primeiros jogos. Goerges, nas oitavas, foi a primeira a tentar agredi-la de verdade. Contra Petra Kvitova, era a azarona. Aproveitou a má fase da adversária, superando-na com tiebreak e 6/3. Depois, o que viesse era lucro. Fez uma partida equilibrada contra Azarenka, mas não resistiu. Foi compensada nas duplas mistas, levando o bronze com Nadia Petrova.

5. Maria Sharapova

A russa fez o que se esperava dela. Laura Robson foi uma pequena pedra em seu sapato na 2ª fase, mas logo passou. Contra Lisicki, o fantasma da eliminação em Wimbledon ainda assombrava. O jogo foi muito competitivo, mas a siberiana fez a diferença nos sets finais. Contra Clijsters, esteve segura a maior parte do tempo. Idem na semi, contra Kirilenko. Na final, não viu a cor da bola. Por mais que estivesse Serena Williams do outro lado, seu 0 e 1 foram humilhantes. Depois ela disse que pegou uma virose antes do jogo, mas quero ignorar isso.

6. Victoria Azarenka

Vika teve uma estreia com tilt de um set contra Begu (se não fosse ele, a vitória seria ridicularmente fácil). Mais pra frente, teve jogos disputados contra Petrova e Kerber. Se estas fossem um pouquinho melhores, levavam. Na semifinal, Serena Williams. Apenas três games ganhos. Ridículo para ela, que não foi tão aplicada quanto na última partida de Wimbledon. No dia seguinte, estava razoavelmente renovada para o bronze.

A bielorrussa ainda levou o ouro nas duplas mistas, com Max Mirnyi, porta-bandeira do país. Não teve Serena do outro lado, mas Andy Murray, que tinha ganho ouro em simples no mesmo dia. O primeiro set foi melhor aos adversários e deu uma desanimada. Felizmente, a dupla vermelha e verde mudou o desenho da partida e foi campeã com 10/8 no match tiebreak.

7. Serena Williams

Quando não faz exibições patéticas contra adversárias que não deveriam assustar, Serena Williams atropela. As top, principalmente. Foi assim em Madri e em Wimbledon. Era favorita à medalha mais valiosa, e confirmou. Gozado é ver suas oponentes e descobrir que Urszula Radwanska foi quem mais conquistou games (cinco, no total). Em duplas, com Venus, perdeu mais games, mas nenhum set. Deitou e rolou.

Outras considerações

- Foi bem difícil caçar stream. Poucos jogos eram transmitidos, apenas nas quadras principais. A atenção era dividida com outros esportes. Nas poucas vezes que abri o Eurosport, que transmite torneios da WTA, não vi um jogo de tênis sendo transmitido. Estranho.

- O público polido de Wimbledon deu lugar a torcedores animados, gritando o nome dos atletas e de seus países. Foi outro clima. Curiosamente, uma bandeira do Brasil ficou aparecendo parcialmente na arquibancada até as finais da modalidade.

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